O ano em que vivi sem blog…

Highlights 2015

Highlights 2015

O ano de 2015 foi atípico para o Idas & Vindas. Desde que comecei a escrever o blog, no início de 2007, uma das características mais marcantes do I&V é que ele se desenvolve em slow motion, em ritmo de novela – ou quase de soap opera, aqueles novelões americanos que se arrastam por anos a fio… Mas uma coisa é ter um ou dois posts mensais, e outra bem diferente é ter um ano inteiro de silêncio e um blog caladinho, quase em estado de coma…

O silêncio sepulcral do I&V não foi (apenas) uma escolha própria. Ao longo de 2014 o I&V sofreu várias invasões de hackers que deixaram a casa de pernas pro ar – foi algo inacreditável, parecia que estávamos atraindo mais invasores que o Pentágono. A cada episódio, lá ia eu dar trabalho à “dupla dinâmica” Cláudia Catherine e Roney Belhassof, que, com uma mistura de boa vontade, competência e sensatez, sempre conseguiu resolver os pepinos – meu muito obrigada aos dois! Mas, para debelar os problemas de vez, foi importante deixar o blog quietinho um tempo.

A sensação que eu tenho agora aqui no I&V é que estou arrumando a casa depois de um tsunami, furacão, terremoto, qualquer coisa assim catastrófica. Os backups ajudaram muito, mas ainda tenho muitos e muitos posts desconfigurados que preciso consertar a mão, palavra por palavra. Está dando um trabalhão, mas estou aproveitando para rever links quebrados, inserir tags, atualizar uma coisa ou outra… e, ao mesmo tempo, vou repensando o próprio I&V.

Outro dia, por ocasião do post comemorativo dos 8 anos do Viaggiando, eu deixei um comentário para a Camila que já era, em parte, o produto dessas reflexões que tenho feito a respeito da própria identidade e do propósito do I&V. O I&V é um pouquinho mais antigo do que o Viaggiando, vai completar 9 anos no início do próximo mês de fevereiro. Como a maior parte dos blogs de viagem que sobreviveu desde essa época, já passou por redefinições e reestruturações, mudanças de template, de domínio, de identidade visual.

Alguns blogs daquela época se tornaram a principal atividade dos seus autores, deixaram de ser lazer para virar trabalho – outros, como o I&V, embora também deem bastante trabalho, seguem como um hobby. Um hobby, por definição, é uma atividade que se pratica por prazer e diversão no (pouco) tempo livre de que dispomos, normalmente para relaxar das pressões do dia-a-dia – e um hobby dificilmente tem fins lucrativos, costuma gerar mais despesas do que receita…

Não nego que é muito difícil, para uma pessoa perfeccionista como eu, admitir que não é humanamente possível fazer do I&V o blog mais lindo e maravilhoso do universo, religiosamente atualizado dia sim e outro também. Não era possível quando eu fazia doutorado, continuou não sendo quando comecei a orientar mestrado e sei que não será possível no futuro próximo, quando, aos dois doutorados que já oriento se somarão mais três… Nesse momento, eu repito para mim mesma o mantra de que esse é o meu hobby, essa é a minha forma de prolongar as minhas viagens indefinidamente e, além de tudo, de contribuir com os meus acertos e mancadas para que outras viagens (não só minhas, mas de todos que vierem buscar informações aqui) sejam cada vez melhores.

Vou copiar aqui o comentário que escrevi para a Camila, que resume bem essas ideias…

Eu compartilhava um pouco da sua ansiedade quanto a deixar o blog atualizado, e me frustrava ao ver o tanto de horas livres que sacrificava aparentemente sem ter retorno. Depois cheguei à conclusão que o nosso tipo de blog (aquele que não é o “trabalho de verdade” do autor) não deve ser fonte de angústia – é apenas um hobby, que deve ser curtido no seu momento de lazer, com a função de desestressar, não o oposto…

Eu mesma precisei botar o pé no freio no Idas & Vindas por uma série de motivos, dentre os quais uma invasão hacker que levou meses para ser resolvida e deixou a “casa” de pernas pro ar. Às vezes me parecia que o I&V estava atraindo mais invasores do que o Pentágono, rsrsrs… Pois não é que isso teve um lado bom? Serviu para ver que o blog me faz falta, sim, mas que eu posso viver sem ele. E, se for para mantê-lo, que eu mesma comande o ritmo, que a viagem seja amena.

Eu tenho viagens super antigas que ainda vou postar um dia, devagar, quando tiver tempo, quando isso me der prazer. Minha VAM está fazendo 5 anos, e eu não postei tudo. As informações não estão atualizadas há tempos, mas não vejo nenhum mal nisso… O que proponho escrever são relatos pessoais, pequenas crônicas, observações delineadas ao longo dos dias de viagem – e isso é mais ou menos o que você faz também. A pessoa interessada em atualizar a informação para usar em suas próprias viagens tem um milhão de sites à disposição para consultar. Mas quantos deles trazem realmente um texto pessoal, sensível e gostoso de ler? Com toda a sinceridade do mundo, são pouquíssimos os blogs que eu gosto de ler de verdade – a maioria é como quase tudo na Internet, um amontoado de trivialidades…

Enfim, siga em frente no seu ritmo confortável, fazendo do blog um diário de bordo, um álbum de recordações, um arquivo pessoal. Esses são os blogs inestimáveis, atemporais, insubstituíveis – e para esses não vejo morte à vista, não…

Assim será 2016 para o Idas & Vindas então – um diário de bordo, um álbum de recordações, mas, acima de tudo, um arquivo pessoal de crônicas de viagem que possam trazer dicas úteis e ensinar um pouco do que eu venho aprendendo ao longo dos anos a quem quiser montar suas próprias viagens. Já me questionei muito se valeria a pena relatar viagens que fiz há alguns anos, e cheguei à conclusão de que vale, sim, porque o processo de pesquisa e preparo de uma viagem pode até evoluir de acordo com a tecnologia, mas não muda no cerne…

Só pra dar um gostinho, vou fazer uma lista de viagens que estou “devendo”:

  • uma road trip de 15 dias pelo oeste dos EUA: saindo de Riverside, Califórnia, seguindo pelo Grand Canyon, Death Valley, Yosemite Park, Lake Tahoe, Napa Valley, San Francisco e descendo pela costa até Los Angeles e de volta a Riverside;
  • outra road trip pelos EUA, dessa vez saindo de Las Vegas em direção ao Grand Canyon, Mesa Verde, Goosenecks State Park, Monument Valley, Bryce Canyon, Zion National Park e de volta a Las Vegas;
  • o mês final da VAM, com passagens pelo Vietnã (Hue, Hanói e Halong Bay), Japão (Tóquio apenas) e EUA (Havaí com cruzeiro pelas ilhas, San Francisco, Orlando e Miami);
  • um feriadão de 5 dias em Los Roques, na Venezuela;
  • duas semanas pelo nordeste dos EUA: Washington, Filadélfia, Boston, Cape Cod e Nova York;
  • dez dias na Costa Leste do Canadá: Toronto, Niagara Falls, Ottawa, Montreal e Quebec;
  • uma semana pelas cidades históricas mineiras: Ouro Preto, São João del Rey e Tiradentes;
  • outra viagem pelo nordeste dos EUA: Washington, Filadélfia e Nova York;
  • uma semana solita em Londres;
  • dez dias em Orlando com a família, incluindo a sobrinha de 1 aninho…;
  • um fim de semana em Belo Horizonte, com direito a um dia em Inhotim;
  • duas semanas na Europa: Londres, Paris, Bruxelas e Amsterdam;
  • uma semana em Belém do Pará;
  • uma semana em Buenos Aires.

Pois é, a lista de “dívidas” chegou a me deixar agoniada agora… 😉

Um ótimo 2016 repleto de paz, saúde, amor, felicidade e muitas viagens a todos!!!

24 thoughts on “O ano em que vivi sem blog…

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado.